O grande problema da legitimidade é que ela não tem um só significado. A mais conhecida é aquela que é emanada pelo povo, ou seja, a aceitação do povo e bla bla bla; outra, mais complicada, seria aquela ligada à questão político-jurídica, ou seja, a mudança de um estado inadequado para um adequado seria legítimo se essa situação se mostrasse realmente necessário (o que é óbvio), aparecendo também a figura da utilidade, que estão intrinsecamente ligados. Pois bem, a possibilidade de ocorrer um Golpe de Estado e, com o tempo - após uma flexibilização -, haver uma aceitação do povo desse governo golpista existe. Mas a legitimidade questionada não seria aquela do povo, mas sim a segunda aqui apresentada. A situação é que, antes do golpe, já existia um Estado adequado. Assim, não haveria razão para mudanças. Não haveria legitimação. Naquele Estado adequado se respeita os anseios democráticos. Não há legitimidade, nem utilidade, para a situação questionada.